sábado, 31 de março de 2018

Analise de balanços - (Faturamento não é lucro).



                                                   Faturamento não é lucro!
     Ao passar do tempo venho acumulando vasta experiência  com analise de balanços, neste meio tempo pude perceber que muitas pessoas confundem faturamento com lucro, sendo muito comum ouvir a seguinte frase.

     Aquela empresa  fatura bilhões e deve  lucrar bilhões! Será que isso é verdade?

   A primeira coisa que que devemos prestar atenção no mercado é como  alguns analistas renomados ignoram diversos fatores em suas analises por pura preguiça, sendo uma delas a famigerado receita  bruta. Neste ponto o leitor deve estar se perguntando, mas afinal qual é a diferença entre receita bruta e líquida?



RECEITA BRUTA DAS VENDAS E SERVIÇOS – CONCEITO TRIBUTÁRIO

      A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados.
Integra a receita bruta o resultado auferido nas operações de conta alheia (comissões pela intermediação de negócios).
    Em outras palavras, podemos afirmar que a Receita Bruta é a receita total decorrente das atividades-fim da organização, isto é, das atividades para as quais a empresa foi constituída, segundo seus estatutos ou contrato social.

Fonte:http://www.portaltributario.com.br/guia/rec_bruta.html


    Após entender simples conceito de receita bruta , posteriormente fazemos deduções na receita bruta visando chegar a  receita líquida propriamente dita. O artigo acima descreve bem quais encargos incidem diretamente no faturamento da empresa.

   Exclui-se do conceito da receita bruta, para fins tributários, o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI e o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS/ST, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário.

A receita líquida será a receita bruta diminuída de:

  • I – devoluções e vendas canceladas;
  • II – descontos concedidos incondicionalmente;
  • III – tributos sobre ela incidentes; e
  • IV – valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei 6.404/1976, das operações vinculadas à receita bruta.

    Como um exemplo do ajuste a valor presente, temos a contrapartida relativa à venda com cartões de crédito, onde o comerciante parcela (sem juros) ao cliente as compras, recebendo da administradora também em tantas parcelas quanto as contratadas (também sem juros). De acordo com a legislação societária (Lei 6.404/1976), tais valores a receber devem ser ajustados a valor presente, pela taxa de juros usualmente praticáveis a tais tipos de operações.

Exemplo:
  • Receita Bruta: R$ 10.000.000,00
  • Devoluções e Vendas Canceladas: R$ 200.000,00
  • Descontos Concedidos Incondicionalmente: R$ 100.000,00
  • Tributos sobre a Receita Bruta (ICMS, PIS, COFINS, ISS) R$ 2.500.000,00
  • Valores oriundos de Ajustes a Valor Presente das Parcelas a Receber da Receita Bruta: R$ 500.000,00
  • Teremos então, como receita líquida:
  • R$ 10.000.000,00 – R$ 200.000,00 – R$ 100.000,00 – R$ 2.500.000,00 – R$ 500.000,00 = R$ 6.700.000,00.


Fonte: https://guiatributario.net/2014/05/27/irpj-e-csll-receita-liquida-conceito-para-fins-tributarios/


Adiante postarei um compilado do resumo acima, usando como exemplo uma empresa de minha carteira "Unipar carbocloro."


                                                                                             
      Após chegarmos a receita líquida devemos partir para o próximo estágio do estudo "Lucro bruto".

   Lucro bruto ou lucro das vendas ou lucro operacional bruto é a diferença entre o faturado e o custo de fazer o produto ou prover o serviço, antes de deduzir overheads, folha de pagamento, impostos, e pagamento de juros.

     No geral, este é o lucro mostrado em uma transação se não há interesse no custo indireto. Este é o rendimento que permanece uma vez deduzido os custos que surgem somente da geração daquele rendimento.
     Para um varejista ou retalhista, o lucro bruto são as vendas feitas menos o custo dos bens vendidos. Para um manufaturista, o custo direto são os custos dos materiais e outro insumos usados para fazer o produto. Por exemplo, o custo da eletricidade para operar uma máquina é frequentemente um custo direto enquanto o custo para iluminar a sala do maquinário é um overhead. Custos com a folha de pagamento também podem ser diretos se a força de trabalho é paga em uma unidade de custo por item manufaturado. Por esta razão, a indústria de serviços, que vende seus serviços por unidades de tempo, frequentemente trata o custo dos honorários como um custo direto.
     O Lucro Bruto é um importante guia para a  viabilidade. Os custos indiretos são considerados quando se calcula a renda líquida, outro importante guia para a viabilidade.


Próximo estágio " Lucro Operacional"

O que é Lucro Operacional?


  Lucro operacional é o lucro produzido exclusivamente pela operação do empreendimento, subtraindo-se as despesas administrativas, comerciais e operacionais.


  O lucro operacional é, dessa forma, uma das informações que compõem a Demonstração do Resultado do Exercício, o DRE. Esse relatório é um resumo dos resultados da empresa durante um período determinado, usualmente um ano, sendo, também, uma das melhores ferramentas para análise do empreendimento.


     O EBIT, sigla em inglês para “Earnings Before Interest and Taxes“, que em português significa “Lucros Antes dos Juros e Tributos”, ou melhor, LAJIR, é um indicador que demonstra o lucro operacional da empresa, excluindo o resultado financeiro, juros sobre o capital próprio e dividendos, entre outros resultados não operacionais.
É por meio do EBIT que é possível conhecer o verdadeiro lucro contábil da companhia a partir das atividades que efetivamente fazem parte do negócio, ou seja, o quanto a empresa obteve de lucro considerando apenas as atividades-fim. Já no caso do EBITDA, que também é um importante informativo, a premissa básica é o levantamento dos resultados que refletem diretamente no caixa da empresa.


Próximo estágio: Resultado financeiro


                                                      

    O Resultado Financeiro está ligado ao Regime de Caixa. Nesse caso, o financeiro registra as entradas e saídas de caixa quando elas realmente aconteceram (contabilizando as receitas, custos, Despesas e Investimentos dentro do mês onde foram pagos ou recebidos).O demonstrativo utilizado para o Resultado Financeiro é o Demonstrativo de fluxo de caixa ou DFC.



              Na ultima linha temos alguns famigerados impostos sobre lucro: IRPJ e CSLL


                                                             


Após esta bateria de gastos , impostos e despesas chegamos finalmente ao lucro líquido do exercício.

MODELO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
RECEITA OPERACIONAL BRUTA
Vendas de Produtos
Vendas de Mercadorias
Prestação de Serviços
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA
Devoluções de Vendas
Abatimentos
Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas
= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
(-) CUSTOS DAS VENDAS
Custo dos Produtos Vendidos
Custo das Mercadorias
Custo dos Serviços Prestados
= RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas Com Vendas
Despesas Administrativas
(-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS
Despesas Financeiras
(-) Receitas Financeiras
Variações Monetárias e Cambiais Passivas
(-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas
OUTRAS RECEITAS E DESPESAS
Resultado da Equivalência Patrimonial
Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
= RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E SOBRE O LUCRO
(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro
= LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES
(-) Debêntures, Empregados, Participações de Administradores, Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdência para Empregados
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

                                                              
  •  E onde quero chegar com tudo isso?
  • Primeiro que a receita de vendas crescente não é sinônimo de lucro.
  • Segundo que muitos analistas fazem calculo de margem líquida sobre receita líquida quando deveriam fazer sobre receita bruta.



EX:
  • Receita bruta: 3.716.290
  • Receita líquida: 3.019.592
  • Lucro líquido: 306.264
  • Margem líquida pela receita líquida: 10,14%
  • Margem líquida pela receita Bruta: 8,24%


  •   Veja que ao auferir menos vendas na receita bruta afetamos seriamente a  margem líquida que é  contabilizada na linha final da DRE, consequentemente ao se usar calculo pela  receita bruta  temos exata noção de quanto a empresa consegue gerar de fato sobre  faturamento após deduzidos  todos os  custos ao longo da cadeia de produção, sendo único fator que a empresa consegue obter certo controle ( Despesas ADM), ( Despesas Financeiras), ( Custos no processo produtivo) etc.



  •  Outra constatação aterradora é que um setor de  margens baixas esta mais propensos a prejuízos uma vez que qualquer aumento de custos  num estágio da cadeia produtiva pode impactar pesadamente a linha final do balanço.

  • E também que  aquela balela que te contaram de rico não paga imposto ?, olhe ao longo da cadeia quanto impostos foram incidindo ao longo do processo.

  • Isso porque não foi computado impostos indiretos que incidem no insumos consumidos pela empresa encarecendo custo de produção e reduzindo a margem de lucro das empresas.


  • Também não foi computado: Gastos com juros da dívida, custo com captação de dinheiro ( Financiamento bancário) , gastos indiretos com advogados tributaristas e contadores de carreira.


  • Exemplos clássicos de setor com margem baixas a qual não tenho mínimo interesse: Comercio atacadista; até mesmo a lendária Amazon precisa faturar bilhões para conseguir  auferir alguns milhões na linha final do balanço, sendo a margem do setor ( 2% a 3%), isso significa que algum momento da cadeia a empresa precisa ser  muito competente, caso contrário tende ter prejuízos constante  nas crises que se avizinham nos ciclos economicos.
  • Você já ouviu falar da maravilhosa  Tesla Motors ? Então só da prejuizo!
  •  E o Nosso querido  WalMart? Por estes tempo também enfrentou crises severas e prejuízos gigantes.
  • Na bolsa brasileira Pão de açúcar, Magazine Luiza, Lojas americanas,Droga Raia e Carrefour são consideradas empresas de margem baixas.

Classificação de margens líquidas por  faixa:

Margens pequenas  : Qualquer margem abaixo de  5%
Margens dentro da média entre 5% até 15%
Margens elevadas qualquer uma  acima de 20%

                                                      Cultura de receita vs cultura de lucro

  • Alguém aqui já ouviu falar no Abílio Diniz conhecido como Zé receitinha?  Por acaso você já se perguntou como estes caras ganham dinheiro se as empresas raramente dão lucro?
  • Muito CEOS, Diretores e conselheiros são remunerados pelo faturamento, ou seja estão cagando e andando para linha final do lucro, uma vez que o  pró-labore são continuamente assegurados pela  receita.
  • Por isso temos tantas empresas estatais  porcamente ADM que não dão lucro há anos e seus diretores estão podres de ricos, igualmente temos varias empresas privadas lesando patrimônio do acionista ano após ano, e posteriormente  aparecem com a cara lavada dizendo que foi erro de planejamento.
  • Não aceite estas desculpas.
  • Procure sempre saber se os controladores da empresas possuem grandes participações na empresa por meio de capital direito , e qual interesse deles  em manter empresa lucrativa para si mesmo e seus associados.


Conclusão:
  • Não devemos nos ater ao lucro líquido , mas ao lucro bruto como régua para mostrar quão eficiente  a empresa pode ser ao gerar lucro aos  seus acionistas em meio a gastos, despesas e custos no processo produtivo. Também aprendemos que existe  deliberadamente um grande desserviço no mercado ao fazer todos cálculos sobre receita líquida uma vez que qualquer alteração na receita  bruta impacta linha final do balanço.
  • Resumo da obra: Tem que rir para não chorar com as empresas que temos no Brasil, até por isso montar uma carteira no Brasil é serviço muito simples .
  • - Ambev, Itaú,  Bradesco, Engie, Fleury e afins devem estar na carteira de meio mundo .



domingo, 25 de março de 2018

Atirando para matar ! O dilema de Bazin.




                                              A invasão estrangeira






Procurei deixar bem claro até agora que atuar no Mercado exige prática e experiência, nada mais, e que também a Bolsa não deve ser encarada como hobby , ou como jogo eletrônico em que se exibe raciocínio rápido.

     Bolsa, do ponto de vista do Investidor consciente, é um local onde se aplicam economias, dinheiro
poupado com sacrifício do consumo de coisas muitas vezes necessárias, depois de ter sido ganho com
extrema dificuldade.

Se você é do tipo de pessoa para qual foi escrito este livro, não pode sequer pensar em perder esse dinheiro valorizado pelo trabalho.

Você precisa ir à Bolsa para ganhar; não deverá entrar quando nela houver a menor possibilidade de perder.

Este livro foi escrito como um alerta, para que você, leitor, evite perigos em épocas de boom , quando
as ações perdem a capacidade de remuneração por causa das altas cotações.

Sem remuneração adequada, que guarde proporção com os preços, não tem nenhum sentido comprar ações.

Mas mesmo quando os preços sobem muito, há papéis que ficam esquecidos. Você foi instruído para procurá-los.

Você deve ter sempre em mente que:

• Um papel nunca é caro nem inviável quando subiu demais, se apesar de grandes altas continua pagando dividendos compatíveis com os novos preços.

• O papel só é caro e inviável quando deixa de remunerar os acionistas com dividendos compatíveis com o preço.

Você ficou também avisado de que não deve guiar-se por falsos profetas do Mercado.

Nem deve deixar a terceiros a administração dos seus bens. Ao contrário, foi estimulado a procurar o seu próprio caminho. Se errar, deve responsabilizar-se a si próprio pelo erro.

Você não deve entrar no Mercado só porque todo mundo está entrando. O ideal seria que você entrasse quando o Mercado estivesse normal, sem gente demais nem de menos.Você sempre deve investir o dinheiro que tiver disponível e que não faça falta. E deixar o barco correr.

Com o passar do tempo, você verá muitas baixas e muitas altas. Verá também booms estonteantes e crashes arrasadores. Para o Investidor, um crash é esperança de novo dia; para o Especulador, pode ser a sentença final.

É preciso que você se conscientize de que booms e crashes se revezam continuamente, para ficar alerta e evitar as armadilhas que em ambos ocorrem.

Há gritante falta de papéis nas Bolsas, dos quais os melhores foram em grande parte absorvidos pelos
Investidores Institucionais.

A situação está agora agravada pela vinda do capital estrangeiro arrivista, predador como é notório, e
que não considera valores intrínsecos.

Os estrangeiros promovem a alta dos papéis que já são populares, que têm, portanto, liquidez e cujos preços possam ser puxados sem dificuldade. Até as próprias fundações norte-americana estão trazendo hot money para cá.

Como são portadores de milhões de dólares, sã o recebidos com afagos e festas.Já vi isso anterior me nte, na época do falso milagre econômico de 1971, quando eles provocaram um boom especulativo que envolveu toda a nossa sociedade e paralisou o País durante dois anos, fora os seis meses em que vivemos como num manicômio.

Os dólares do capitalismo amoral não estão vindo para criar empresas e aumentar a produção, e,portanto, para ajudar o nosso desenvolvimento. Depois de feita sua incursão, os capitalistas externos costumam ir embora sem olhar para trás.

Um amigo meu, que é diretor de corretora, tem ligações com Especuladores do exterior. Vejamos o que ele me disse em janeiro de 1992:

– Dias atrás recebi um telefonema de Miami, de um Especulador que já aplicou aqui em 1971,quando começou o boom. Naquela época, ele mandou-me um milhão de dólares para comprarmos ações de siderúrgicas. Sua remessa de agora foi de cinco milhões de dólares, para comprar de ações de empresas de telecomunicações e semelhantes.Encarregou-nos de informá-lo, toda sexta-feira , após o fechamento da Bolsa, do andamento dos negócios da semana. Sabe para quê? Ele queria montar a sua estratégia para saber a hora de sair.

Esse Especulador é veterano em aplicações no exterior. Na década de 60, aplicou no Canadá, participando da onda que se fazia nos EUA em favor do Mercado canadense, onde as ações estavam“baratíssimas”, a menos de 1 dólar. Na década seguinte, levou seu capital para o Japão. No começo da década de 80, já estava na Austrália, aproveitando nova onda, a de ações de mineradoras.

Em todo os investimentos que fez no exterior, nunca deixou de triplicar o capital investido.Há centenas de Investidores estrangeiros como esse – não importa a raça, a religião ou a situação geográfica –, que só fazem incursões predatórias.

Normalmente, eles se mancomunam com o capital local – na verdade, também apátrida. Os japoneses,por exemplo, aliaram-se a corretoras norte-americanas para devastar o Mercado dos Estados Unidos.Entraram lá em 1984, em três anos elevaram os preços em altas contínuas, ganharam fortunas incalculáveis, depenaram os Investidores norte-americanos e depois se retiraram em 1987, quando o poço estava seco e dele não havia mais nada que tirar.

Se o capital apátrida internacional arrasou o centenário Mercado norte-americano,  alguém duvida de que eles farão a mesma coisa conosco? Para o tamanho das garras deles, seremos presa fácil.No momento em que escrevo (maio de 1992), estão operando no País diversas grandes corretoras japonesas e norte-americanas, dessas que atuam em todas as partes do mundo e que contam com a cumplicidade de grandes banqueiros locais. Até o final de 1991, não havia nenhuma.Para o governo, parece ótimo negócio que elas tragam dólares num momento em que as divisas cambiais escasseiam. Não há, porém, ninguém no governo que seja capaz de imaginar o que irá acontecer conosco quando esses dólares baterem asas na alegre viagem de volta, depois que os capitalistas estiverem satisfeitos com as fortunas que terão sugado de nós.

Um amigo meu, dono de conceituada empresa de consultoria, foi contratado por um grupo estrangeiro para passar-lhe informações completas sobre as 50 empresas mais importantes e populares da nossa
Bolsa. É ele que diz:

– Pela maneira como eles fizeram a solicitação, percebi que nenhuma das ações das empresas pretendidas para compra justificava, pelo desempenho em suas atividades sociais,o interesse internacional. Mas eram ações que ofereciam alto potencial para manipulações na Bolsa. Pois é para isso que os estrangeiros estão vindo.Vi anúncio publicado recentemente em Nova York, em que a corretora Salomon Brothers, radicada nos Estados Unidos, mas apátrida, conclamava os aplicadores norte-americanos a aplicar nas Bolsas brasileiras.

https://moneytimes.com.br/franklin-templeton-ve-maior-interesse-estrangeiro-por-investimento-no-brasil/
O anuncio alegava, entre outras coisas, que a economia brasileira estava se recuperando e que aqui as
ações estão muito baratas, oferecendo amplas oportunidades de rápido e fácil enriquecimento.Com alegações mentirosas, eles estão repetindo o mesmo esquema que dá sempre certo.Há duas mentiras nesse anúncio. Nossa economia enfrenta problemas insuperáveis e está a anos-luz da recuperação. Por sua vez, as ações já estão caras demais, se comparados os preços com os rendimentos.É verdade que a maioria das nossas ações está abaixo de 10 centavos de dólar. São ações cujas similares no exterior alcançam dezenas de dólares.Mas não é pelos preços que vamos compará-las. A comparação pelos preços é desonesta.

A inflação brasileira obrigou as empresas a fazer grandes desdobramentos dos seus papéis, de modo que, enquanto no exterior se negociam ações de uma companhia por pequenos múltiplos de mil, aqui as vendas chegam à casa de milhões.

Pulverizados os papéis, é natural que também se pulverizassem as cotações na mesma proporção.Os preços são efetivamente baixos se examinados à luz de sua expressão numérica, mas o fato indiscutível é que nossas empresas não pagam remuneração que os justifique. Ou, dizendo com maior clareza, mesmo baixos, os preços estão excessivamente altos, se comparados com a miséria dos
dividendos que a grande maioria das empresas brasileiras paga aos seus acionistas.

É, portanto, deslealdade exibir números de fora para pautar os nossos preços aqui. São mundos e valores diferentes.Você, leitor, está lembrado da minha informação de que, em abril de 1981, entre 429 empresas registradas na Bolsa para negociação dos seus papéis, pré-qualificamos 50 ações.As 50 ações pré-qualificadas apresentavam cash-yield igual ou superior a 6% da sua cotação na Bolsa, índice básico de remuneração que é aceitável para qualquer ativo financeiro em todo o mundo.Em abril de 1992, onze anos depois, estavam listadas na Bolsa 569 companhias, das quais não mais que 23 desfrutavam de liquidez diária. Dessas, só três restariam, com recomendação de compra para colocação em carteira.


O que está acontecendo? É que as ações que se possam considerar Investimento estão minguando no Mercado. Por falta de variedades que facilitem a escolha, a única alternativa que resta é jogar, como fazem quase todos os que comparecem à Bolsa no dia a dia.

Falta muito pouco para a Bolsa transformar-se naquele cassino que todo mundo pensava que fosse e que os profissionais esperam que seja.O investimento em Bolsa está se tornando inviável pelos seguintes motivos:

http://www.multpl.com/s-p-500-dividend-yield/

1) A maior parte das poucas empresas que se registraram na última década não respeita os acionistas minoritários, juntando-se às outras mais antigas que também nunca os respeitaram.

2) O sistema Cats marginalizou 97% das empresas da Bolsa.

3) Não há renovação de empresas na Bolsa. Todavia, há em todo o País mais de 5 mil empresas com altíssimo potencial de rentabilidade que estão fora da Bolsa.

4) Os bons papéis estão caros demais em relação à remuneração que pagam.

5) Dinheiro em quantidade cada vez mais crescente, dos institucionais e dos Manipuladores do País e de fora, eleva os preços a níveis tão altos que tornam impossível a remuneração.

http://www.fundamentus.com.br/resultado.php

6) Uma vez que foi desviada dos aplicadores a noção de remuneração, as empresas não se empenham em pagar aos seus acionistas melhores dividendos, porque  sabem que os portadores dos seus papéis têm o julgamento obscurecido pela valorização na Bolsa.


domingo, 11 de março de 2018

Um agradecimento a todos aqueles que de alguma forma contribuiram com conhecimento para meu sucesso nos investimentos.



- Oito anos de poupança ininterruptas
-  Cinco anos de estudo sobre bolsa valores ( Valuation) , ( Matemática financeira) e contabilidade de investimentos.
- 35 meses de histórico com acompanhamento constante - ( Sendo um  ano em meio de bear market e 1 ano meio de bull  market)

35 meses:

Rentabilidade histórica: 95%
Índice Bovespa no período: 49%
CDI: 38,40%
IPCA: 16,52%







Daniel Nigri: Dica de hoje7

https://dicadehoje7.com/

https://www.youtube.com/channel/UCV74rV9AAKqXERWwfSP_Z1g/videos





Macroeconomia para investidores:

Leandro Roque: Instituto mises Brasil


Operando ciclos de acordo com teoria austríaca dos ciclos econômicos.

https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2852



Finanças pessoais: André bona

Eu torço para você perder dinheiro na bolsa.

https://www.youtube.com/watch?v=mKYi19R9LI8


Matemática financeira: Hc Investimentos

http://hcinvestimentos.com/2010/12/20/como-calcular-o-retorno-de-um-investimento-parte-i/


                    OS SUPERINVESTIDORES DE

          GRAHAM-E-DODDSVILLE



Tradução e adaptação de SER-

NOTA DO EDITOR: este artigo é a transcrição da alocução efetuada por Warren Buffet na Universidade de Colúmbia em 1984 por ocasião da comemoração do qüinquagésimo aniversário do lançamento do livro Security Analysis, escrito por Benjamin Graham e David L. Dodd. Este livro introduziu as idéias que mais tarde viriam a ser popularizadas no livro The Intelligent Investor. O discurso de Buffet oferece um estudo fascinante de como os discípulos de Grahan empregaram as estratégias de “Value Investing”, criadas por seu Mestre, conseguindo um sucesso fenomenal no mercado de ações.

OBS: as tabelas mencionadas por Buffet estão no livro The Intelligent Investor e não foram reproduzidas aqui. Os dados referentes aos fundos Sequóia e de Munger podem ser encontradas aqui.

Será que a estratégia de investimento criada por Graham e Dodd, que consiste em "procurar por ações cujo valor possua uma margem de segurança significativa em relação aos preços", estaria ultrapassada? Muitos dos professores que escrevem livros nos dias de hoje diriam que sim. Eles alegam que o Mercado de ações é eficiente; o que significaria dizer que, o preço dos papéis refletem tudo que é conhecido sobre as empresas e o estado atual da economia. Não existiriam, portanto, ações subavaliadas. Estes teóricos afirmam que desde que existam análises inteligentes do Mercado, e que se empreguem todas as informações conhecidas, elas sempre atuarão no preço dos papéis que, por conseqüência, refletirão todo conhecimento disponível naquele momento. Os investidores que aparentemente conseguem vencer o Mercado, ano após ano, tem apenas sorte. “Se tudo está refletido no preço dos papéis, este tipo de análise de investimento está ultrapassado”, diz um autor de livros acadêmicos escritos hoje em dia.

Pode até ser que sim. Mas eu gostaria de apresentar a vocês um grupo de investidores que vem, ano após ano, “batendo” o índice Standard & Poor's 500. A hipótese deles conseguirem isto por mero acaso merece, ao menos, uma investigação mais profunda.

É importante saber que os investidores apontados nesta investigação são todos velhos conhecidos meus, tendo sido previamente identificados como superinvestidores, e que conheço pessoalmente o mais novo deles a pelo menos 15 anos. Sem esta premissa básica, eu aconselharia a vocês a parar de ler este artigo aqui, pois seria como se eu tivesse filtrado aleatoriamente estes nomes dentre milhares de nomes nesta manhã para conseguir o resultado. Eu gostaria de acrescentar que todos os dados aqui apresentados foram auditados e que conheço, pessoalmente, vários clientes que aplicaram com eles e que os cheques recebidos por eles conferem com os dados informados pelos administradores. 

Antes de prosseguir com nossa investigação eu gostaria que todos vocês fizessem um exercício de imaginação. Imaginem um campeonato nacional de cara ou coroa. Vamos supor que nós juntássemos 225 milhões de americanos nesta manhã e pedíssemos para cada um deles fizessem uma aposta e jogassem uma moeda de 1 dólar para cima. Aqueles que acertassem o resultado ganhariam a moeda daqueles que perderam. Aqueles que perderam sairiam do jogo e, no dia seguinte, os ganhadores voltariam a jogar apostando o total acumulado. Depois de 10 apostas em 10 manhãs restariam cerca de 220.000 pessoas nos Estados Unidos que teriam adivinhado corretamente uma seqüência de 10 caras ou coroas. Cada um deles teria ganho um pouco mais de 1.000 dólares.

Conhecendo bem a natureza humana, em pouco tempo este grupo começaria a se vangloriar. Eles poderiam até tentar ser modestos no começo mas depois, em coquetéis e festas, iriam certamente confessar discretamente a pessoas interessantes do sexo oposto, qual foi a “sua técnica”, e que novidades espetaculares suas descobertas iriam introduzir na arte de apostar em arremessos de moedas.

 Levando-se em consideração que os ganhadores estejam recebendo corretamente as apostas dos perdedores, em mais 10 dias restariam somente 215 apostadores que teriam acertado a seqüência exata de 20 lançamentos de moedas e que, por intermédio destas apostas, teriam transformado uma simples moeda de 1 dólar em um pouco mais de 1 Milhão de dólares. Até então, US$225 Milhões teriam sido perdidos e US$ 225 Milhões teriam sido ganhos. A esta altura o grupo já teria perdido a cabeça. Não seria difícil imaginar que eles começariam a escrever livros sobre “Como eu transformei um dólar em um Milhão de dólares, trabalhando 30 segundos por dia”, pior ainda, estariam sendo convidados como palestrantes em seminários ao redor do país sobre lançamento eficiente de moedas, contrapondo-se a professores cépticos esclamando: “Se isto não pode ser feito, porquê 215 de nós conseguiram?”

Em algum momento existiria um professor sem tato que lembraria que se 225 milhões de orangotangos participassem do mesmo campeonato os resultados seriam muito parecidos. Isto mesmo, 215 orangotangos sortudos com 20 seqüências vencedoras. Eu gostaria de argumentar que existem algumas diferenças básicas no exemplo que eu vou apresentar. Se, por um motivo: (a) Você tivesse pego 225 milhões de orangotangos distribuídos aleatoriamente dentro da população americana; (b) se apenas 215 tivessem restado após 20 dias; e (c) se você descobrisse que 40 deles vem de um zoológico em especial localizado em Omaha, você teria uma forte convicção de ter encontrado alguma coisa.

Certamente você iria querer conhecer o zelador do zoológico e perguntar o que ele dava de comer a  estes orangotangos, se eles estariam fazendo algum tipo especial de ginástica, que livros eles andavam lendo, e sabe lá o que mais. Com um índice tão alto de coincidências como este, você certamente iria querer pesquisar os fatores que poderiam te-los motivado.

Normalmente, empregamos a investigação científica para testar padrões. Se você estivesse interessado na pesquisa de uma espécie rara de câncer, e descobrisse que dos 1500 casos que ocorrem normalmente ao ano - 400 deles ocorrem na mesma cidadezinha mineira localizada em Montana, você ficaria muito interessado em conhecer a água daquela região, a ocupação dos pacientes e outras variáveis. Você sabe que não é possível que o acaso tenha concentrado todos os pacientes naquela mesma pequena região. Você pode não saber as causas, mas sabe aonde pode procura-las.

Eu asseguro a vocês que existem outros lugares para se procurar por causas além da geografia. Existe aquilo que eu costumo chamar de origem intelectual. Eu acredito que, a esta altura, você já deve estar desconfiado que um número desproporcional de vencedores do concurso de jogadores de cara ou coroa do mundo de investimentos venha de uma pequena vila, muito intelectualizada que poderia ser chamada de Graham-e-Doddsville. Uma grande concentração de vencedores nos levam a mesma vila, o que não poderia ser explicado pelo simples acaso.

Podem existir condições que façam esta concentração anormal pouco relevante. Talvez 100 pessoas tivessem apenas imitando a maneira de apostar de uma personalidade extremamente persuasiva da região. Quando ele arremessa, 100 pessoas copiam suas apostas cegamente. Se o líder fizer parte de um dos 215 competidores que restaram, o fato de 100 ganhadores serem originários da mesma vila perde o significado. Seria como considerar 100 repetições como uma.

 Da mesma forma, vamos imaginar que você viva em uma sociedade patriarcal muito forte e que cada família dentro dos Estados Unidos seja constituída por exatos 10 membros. Considere ainda que, a cultura patriarcal nos Estados Unidos seja de tal forma enraizada que quando as 225 milhões de pessoas saíram das suas casas no primeiro dia, todos fizeram suas apostas da mesma forma que o patriarca. Após um período de 20 dias, teríamos 215 ganhadores oriundos de 21,5 famílias. Alguns crédulos poderiam dizer que o fator de hereditário foi o grande responsável pelo êxito nas apostas. Mas isto não teria nenhum valor estatístico pois, ao final, não se teriam 215 ganhadores, mas sim 21,5 famílias, aleatoriamente distribuídas, que foram ganhadoras.

 Para este grupo de investidores bem sucedidos que eu gostaria de considerar, sempre houve um patriarca intelectual comum: Ben Graham. As  crianças que deixaram a casa deste patriarca intelectual não foram encontradas porque fizeram suas apostas de investimento copiando as dicas do líder. O patriarca apenas criou uma teoria para que o “arremesso de moedas” fosse feito de forma que cada um pudesse fazer suas apostas de sua própria maneira. Estes investidores foram para lugares diferentes e durante sua vida compraram e venderam companhias e ações também diferentes, cada um decidindo por si só qual a melhor forma de aplicar a teoria que aprenderam.

A base teórica dos investidores da vila de Graham-e-Doddsville é a seguinte: Eles procuram por discrepâncias entre o valor do negócio e o preço de pequenas partes do mesmo negócio vendidas no Mercado. Em suma, eles exploram discrepâncias sem se preocupar com o que pregam os teóricos do Mercado Eficiente, não se importando de as ações são compradas na Segunda ou na Terça e, muito menos, se foram compradas em Janeiro ou Julho. Em suma, estes homens de negócio compram negócios, o que é exatamente o que os nossos investidores de Graham & Dodd fazem quando vão ao mercado atrás de papéis – Eu duvido que alguns deles leva em consideração qual é o dia do mês ou da semana em que a operação irá ocorrer. Eu duvido que faça a menor diferença para eles se todo um negócio for comprado na Segunda ou numa Sexta. Eu fico impressionado como acadêmicos gastam tanto tempo e esforço para saber se faz alguma diferença quando se vai comprar o mesmo negócio em pedacinhos. Nossos investidores de Graham & Dodd, nem seria necessário falar, não discutem beta, o CAPM (capital asset pricing model), e a covariância de retorno de ações. Estes são assuntos de zero interesse para eles. De fato, alguns deles devem até ter dificuldades para explicar estes termos. Estes investidores se focam apenas em duas variáveis : Preço e Valor.

Eu sempre achei curioso como são feitos tantos estudos sobre o preço e volume de ações, estas coisas dos grafista. Você é capaz de imaginar a compra de todo um negócio simplesmente porquê o preço dele subiu bastante na semana passada ou na semana anterior? A razão pela qual são efetuados tantos estudos sobre volumes e preços é que agora, na era da informática, existe disponível uma quantidade de dados quase infinita. Mas estes estudos não são obrigatoriamente úteis porquê os dados estão disponíveis ou porquê os acadêmicos trabalharam bastante para aprender as habilidades matemáticas necessárias para manipula-los. Uma vez que se aprende esta habilidade, parece estúpido não aplica-la, mesmo que ela tenha pouca ou nenhuma utilidade. Como diz um amigo meu, ”para um homem com martelo, tudo parece prego.”

Eu acredito que este grupo que nós identificamos como superinvestidores merece ao menos uma averiguação. Apesar dos estudos acadêmicos da influência de variáveis como preço, volume, sazonalidade, tamanho de capitalização, etc., na performance das ações,  não tem sido evidenciado qualquer interesse no estudo destes métodos por estes investidores bem sucedidos orientados pelo valor.

Eu começo a análise destes resultados voltando para os anos de 1954 a 1956, quando um grupo de quatro de nós trabalhávamos na Graham-Newman Corporation. Nós eramos apenas quatro, note bem. Eu não selecionei estes nomes dentre milhares.

 Eu me ofereci para trabalhar na Graham-Newman de graça depois que assisti as aulas de Ben Graham, mas ele achou muito caro e me classificou de superavaliado. Ele levava esta coisa de valor muito a sério! Depois de muita insistência ele acabou me aceitando. A firma era formada por três sócios mais nós quatro como estagiários. Os quatro deixaram a firma entre 1955 e 1957 quando ela deixou de existir, sendo possível seguir o rastro de três de nós.

O primeiro exemplo (veja a Tabela-1) é Walter Schloss. Walter nunca cursou uma faculdade, mas assistiu a um curso de Ben Graham à noite no Instituto de de Finanças de Nova Iorque. Walter deixou a Graham-Newman Corporation em 1955 e alcançou os impressionantes resultados demonstrados na Tabela durante 28 anos (NT. 6687% contra 887% do S&P em 28 anos). "Adam Smith" escreveu o seguinte texto sobre ele no livro  Supermoney (1972) depois da conversa que tive com ele sobre o Walter: 
Ele não possuí contatos ou acesso à informações privilegiadas. Ninguém o conhece em Wall Street, e ele não paga a ninguém para lhe fornecer dicas de investimentos. Ele apenas olha para os números e os manda para os relatórios anuais, e isto é tudo que se sabe sobre ele.
Quando Warren me apresentou a ele (Schloss) também descreveu. "Ele nunca se esqueceu que estava lidando com o dinheiro de outras pessoas, e demonstrava claramente sua forte aversão a perda “ Ele possui uma imagem muito realista de si próprio e completa integridade. Para ele o dinheiro é real da mesma forma que as ações são reais - e por isto ele ganhou uma enorme fixação no princípio da “Margem de Segurança”.
Walter vem empregando uma carteira bastante diversificada, possuindo bem mais de 100 ações hoje em dia. Ele sabe como identificar papéis que vendem bem abaixo de seu valor. E isto é tudo o que ele faz.  Ele não se incomoda se é Janeiro, ele não se preocupa se o dia da semana é uma segunda-feira, e também não se interessa se este ano é ano de eleição. Ele apenas diz: se um negócio vale um dólar e pode ser comprado por 40 centavos, alguma coisa boa deve acontecer ao meu favor. Ele faz isto continuamente. Ele possui muito mais ações do que eu – E está muito menos interessado na natureza do negócio; isto parece não exercer grande influência sobre Walter. Este é o ponto forte de Walter; ninguém consegue exercer grande influência sobre ele.

O segundo caso é o de Tom Knapp, que também trabalhou na Graham-Newman comigo. Tom era professor de Química em Princeton antes da Guerra; quando voltou se tranformou em um verdadeiro rato de praia. Até que, num belo dia, soube que David Dodd estaria lecionando em um curso noturno sobre investimentos em Colúmbia. Tom se matriculou sem muita convicção. Tom ficou tão interessado no assunto durante o curso que se matriculou na Universidade de Finanças de Colúmbia, aonde terminou um MBA. Lá ele fez o curso de Dodd novamente e depois o de Ben Graham. Por acaso, 35 anos depois, eu precisei ligar para Tom para conversar sobre uma assunto qualquer e o encontrei novamente na praia. A diferença é que agora ele era o dono da praia!

Em 1968, Tom Knapp e Ed Anderson, ambos discípulos de Graham, fundaram a Tweedy Browne Partners junto com um ou dois amigos muito convincentes. O resultados dos seus investimentos podem ser observados na Tabela 2 (NT. 1661% contra 238% do S&P em 15 anos).  Tweedy, Browne alcançaram este resultado com muita diversificação. Ocasionalmente eles compram o controle do negócio mas, o resultado dos investimentos passivos são muito próximos dos resultados das empresas que eles controlam.

A Tabela 3 descreve os resultados do 3º membro do grupo (NT. 2794% contra 152% do Down Jones em 13 anos),  que constituiu a Buffett Associados em 1957. A melhor coisa que ele fez na vida foi foi sair do negócio em 1969. A partir daí, mantida as devidas proporções, a Berkshire Hathaway tem sido a continuação desta parceria. Na minha opinião, não existe qualquer índice que seja uma prova irrefutável da qualidade da administração de investimento da Berkshire. Mas, todavia, considero que foi satisfatória.

A Tabela 4 apresenta dados do fundo Sequóia, administrado por Bill Ruane, um homem que conheci em 1951 durante uma aula de Ben Grahan (NT. 775% contra 270% do S&P em 14 anos). Depois de sair da Faculdade de  Administração de Harvard, Bill foi para Wall Street. Foi nesta época que percebeu uma deficiência na sua formação no mundo real de negócios decidindo, então, se matricular no curso de Ben em Colúmbia, aonde nos  conhecemos no início de 1951. O resultado obtido por Bill de 1951 a 1970, mesmo trabalhando com quantias relativamente pequenas, foi bem superior a média. Quando eu deixei a Buffett Associados perguntei a Bill se ele gostaria de criar um fundo para administrar os recursos de nossos associados. Foi quando ele criou o Fundo Sequóia. Este fundo foi iniciado em um período muito difícil, exatamente no momento em que eu estava saindo. O mercado encontrava-se bastante agitado gerando inúmeras dificuldades para a comparação com a performance de administradores orientados pelo valor. Eu fiquei muito feliz de saber que meus sócios, não só se mantiveram com ele como aumentaram sua participação de tão felizes que ficaram com o resultado apresentado.

Aqui não tem mistério. Bill é a única pessoa que eu recomendaria aos meus sócios. Naquela época eu disse que se conseguissem uma performance de 4% ao ano superior ao índice Standard & Poor já deviam se dar por muito satisfeitos. Bill conseguiu um resultado muito melhor que este, mesmo trabalhando com um montante de dinheiro cada vez maior, o que sempre torna as coisas mais difíceis. Tamanho sempre foi a âncora do desempenho, não existe dúvida em relação a isto. Isto não quer dizer que não se consiga obter um desempenho superior a média quando seu tamanho é maior que a média, mas as margens normalmente desabam. Se você estiver administrando dois trilhões de dólares e este for o valor da valorização patrimonial de toda a economia, não espere ir melhor do que a média!

Eu devo acrescentar que, durante todo este período, nunca houveram duas carteiras idênticas. Isto porquê, embora estes homens selecionam seus papéis baseados na discrepância entre preço e valor, fazem suas seleções de formas bem diferentes. As maiores concentrações de Walter, por exemplo, eram em companhias robustas como a Hudson Pulp & Paper, a Jeddo Highland Coal e a New York Trap Rock Company e outros tantos nomes que vem a memória até mesmo daqueles leitores de jornais mais distraídos. As escolhas efetuadas pela Tweedy Browne já recaiam sobre nomes bem mais desconhecidos. Por sua vez, Bill costuma trabalhar com companhias de grande porte. A sobreposição de papéis nestas carteiras tem sido muito pequena. Definitivamente, estes dados não refletem os resultados de 50 investidores que copiaram as apostas um do outro.

A Tabela 5 contém os dados de um amigo meu que é graduado pela faculdade de direito de Harvard que costiuiu uma grande firma de advocacia (NT. 1156% contra 96% do Down Jones em 13 anos). Em 1960 eu disse a ele que o direito era uma coisa muito legal como hobby, mas que ele poderia fazer bem melhor. Ele começou uma parceria que era exatamente o extremo oposto de Walter. Sua carteira era concentrada em bem menos papéis e seu resultado era, com certeza, bem mais volátil, mas foi constituído com o mesmo procedimento de procurar e encontrar desconto no valor. Ele estava disposto a aceitar maiores altos e baixos na performance e é uma pessoa cujo o cerne vai mais para o lado da concentração, obtendo os resultados demonstrados. Estes dados, na verdade pertencem a Charlie Munger, meu sócio a muito tempo nas operações da Berkshire Hathaway. Enquanto ele administrava a sua empresa, a composição de sua carteira era completamente diferente da minha e dos outros investidores mencionados anteriormente.

A Tabela 6 contém os dados de um amigo de Charlie Munger – Um investidor também sem formação em negócios, que era especialista em matemática na USC (NT. 22.200% contra 316% do S&P em 19 anos). Ele iniciou sua carreira como vendedor da IBM, logo depois que se formou. Ele era conhecido de Charlie antes de nos conhecer-mos. Estes são os dados de Rick Guerin. Rick, de 1965 a 1983, conseguiu um retorno de 22.200 %, contra um ganho composto de 316% do S&P isto porquê, o que ele não tinha de formação em negócios lhe sobrava de conhecimento de estatística.

Um aparte aqui: É impressionante para mim como esta idéia de comprar uma nota de 1 dólar por quarenta centavos ou pega o sujeito de cara ou não pega nunca mais. É como um vírus. Se a pessoa não pega de cara, não adianta insistir e continuar a explicar, mesmo apresentando resultados. Não vai fazer a menor diferença. Eles parecem incapazes de compreender o conceito da forma simples como ele é. Um sujeito como Rick Guerin, sem nenhuma formação em finanças, pegou o princípio logo de cara e já estava aplicando 5 minutos depois. Eu nunca conheci ninguém que tenha se convertido gradualmente a esta estratégia de investimento, mesmo com 10 anos de tentativas. Não é uma questão de QI, ou de treinamento acadêmico. Ou você tem o entendimento na hora ou não tem.

A Tabela 7 mostra os resultados de Stan Perlmeter (N.T. 4277% contra 887% do S&P em 17 anos). Stan era especialista em artes pela Universidade de Michigan e também era sócio da agência de propaganda Bozell & Jacobs. O destino fez com que trabalhássemos no mesmo prédio em Omaha. Em 1965 ele chegou a conclusão que eu tinha um negócio melhor que o dele, e desistiu da propaganda. Da mesma  maneira, demorou cinco minutos para que Stan abraçasse a causa do investimento em valor. 
Perlmeter não possuí a mesma coisa que Schloss possui. Ele não sabe o que Bill Ruane possui. Estes são todos resultados obtidos independentemente. Mas, toda vez que Perlmeter compra um papel é porque está levando mais do que está pagando em dinheiro. Esta é a única coisa com a qual ele raciocina. Ele não está de olho nas projeções dos próximos resultados trimestrais, ele não está olhando na projeção de lucros para o ano que vem, ele não está querendo saber qual o dia da semana é hoje, ele não está interessado em saber o que o setor de pesquisa de de qualquer firma de investimento tem a dizer. Ele não está interessado nos movimentos de preço, volume ou outra coisa qualquer. Ele apenas pergunta: ”Quanto vale o negócio ? “

As tabelas 8  e 9 contém os resultados de dois fundos de pensão com os quais estive envolvido: eles não foram selecionados dentre dezenas de fundo de pensão dos quais eu tive relacionamentos, eles são os únicos dois nos quais eu tive algum tipo de influência. Nos dois casos eu conduzi a escolha dos administradores para aqueles orientados para o “valor”. Muito poucos fundos são administrados com esta estratégia. A Tabela 8 mostra os dados do Fundo de Pensão do Washington Post.  A conta estava anteriormente com um grande banco. A alguns anos atrás e eu sugeri a eles que seria melhor se eles selecionassem administradores que possuíssem orientação em valor.
Como vocês podem observar, eles passaram a ficar nos 10% dos fundos mais rentáveis, desde que fizeram a opção pela administração em valor. O Post solicitou a seus administradores que mantivessem pelo menos 25% do montante disponível em debêntures, o que não necessariamente teria sido a opção destes administradores. Mesmo com 25% investido em debêntures, que não é a área de especialidade destes investidores, foi conseguido um resultado que se encontra nos 10% dos melhores resultados dos fundos administrados. O resultado obtido com o Washington Post não cobre um período relativamente longo, mas representam o resultado obtido em decorrência dedecisões de investimento efetuadas por 3 administradores que não foram identificados retroativamente.

A Tabela 9 é o resultado do Fundo da FMC Corporation. Eu não administrei um centavo deste fundo, apenas influenciei na escolha de seus administradores em 1974, optando para aqueles que possuíam orientação em valor. Antes deste período eles selecionavam sua administração da mesma forma que outras grandes companhias. Agora, depois que se “converterem” para a orientação em valor, eles são o número um da pesquisa efetuada pela Becker relativa a fundos de pensão da mesma categoria de tamanho. No ano passado eles tiveram 8 administradores de recursos durante todo o ano. Sete deles acumularam uma performance melhor que o S&P. A diferença líquida entre a performance do fundo hoje e a sua média durante o período somam $243 milhões. A FMC atribui isto a mudança de atitude que eles adquiriram por intermédio da seleção de seus administradores. Estes não seriam exatamente os administradores que eu escolheria mas todos eles tem um denominador comum: a forma de seleção de ações é baseada no valor.

Aqui estão os resultados de 9 apostadores de cara ou coroa do Reino de Graham-e-Doddsville. Eu não os escolhi aleatoriamente dentre tantos outros. Definitivamente, isto não foi um resultado de loteria– Pessoas que eu não conheço e que ganham dinheiro com a sorte. Eu selecionei estes homens baseado na forma como eles efetuam suas escolhas de investimento. Eu conheço o que foi ensinado para eles e tenho algum conhecimento sobre seu intelecto, caráter e temperamento. É muito importante compreender que este grupo vem assumindo muito menos risco que a média; observe bem o resultado que eles obtiveram quando o Mercado estava fraco. Eles não se diferenciam da massa apenas pelo estilo, estes investidores estão na verdade sempre comprando um negócio, não uma ação. Alguns deles, eventualmente, compram o negócio todo. Mas é muito mais comum comprarem pequenos pedaços do negócio. Só que a atitude deles comprando todo o negócio ou apenas uma pequena parte é rigorosamente a mesma. Alguns deles possuem carteiras com algumas dúzias de ações; outros possuem uma quantidade de ações que caberiam nos dedos de uma mão. Mas uma coisa eles tem em comum, todos eles aproveitam a diferença do preço do negócio no mercado e o seu valor intrínseco a seu favor.

Eu estou convencido de que existe muita ineficiência no Mercado por aí a fora. Estes investidores de Graham-e-Doddsville conseguiram aproveitar as diferenças entre preço e valor de forma muito eficaz. Quando o preço de um papel pode ser influenciado por tudo aquilo que se houve em Wall Street e com os preços variando ao sabor das emoçoes das pessoas, da pessoa mais eufórica a mais depressiva, fica muito difícil argumentar que o mercado sempre precifica os papéis racionalmente. O fato é que preços do Mercado raramente fazem algum senso.

Eu gostaria de acrescentar uma coisa muito importante sobre risco e retorno. Algumas vezes risco e retorno estão correlacionados. Se alguém me disser, “ eu tenho aqui uma pistola de seis cartuchos e coloquei uma bala no tambor. Porque você não gira o tambor, aponta a arma na sua cabeça e puxa o gatilho uma vez? Se você sobreviver eu lhe darei 1 milhão de dólares - Eu não aceitaria- Talvez por acreditar que um milhão de dólares não seja uma quantia suficiente. Só que agora, ele poderia me oferecer cinco milhões de dólares para puxar o gatilho duas vezes - isto sim poderia ser uma boa correlação entre risco e retorno!

No investimento em valor ocorre justamente o contrário. Se você conseguir comprar uma nota de 1 dólar por 60 centavos, será mais arriscado do que comprar uma nota de 1 dólar por quarenta centavos, e a sensação de recompensa neste último caso será maior. Quanto maior a capacidade de recompensa que uma carteira pode oferecer, menor risco ela possui.

Um exemplo rápido: a Washington Post Company estava sendo vendida por US$80 milhões no mercado em 1973. Naquela época, em um determinado dia, você poderia ter vendido os ativos da empresa para qualquer um dos 10 compradores existentes por não menos do que 400 milhões de dólares e, provavelmente, até mais. A companhia possuía o the Post, a Newsweek e mais diversas estações de televisão em diferentes mercados. Estas mesmas propriedades estão avaliadas hoje em 2 bilhões, assim a pessoa que pagasse 400 milhões naquela época não poderia ser chamada de maluca.

Agora, se esta ação tivesse caído ainda mais, a um preço que fizesse sua avaliação ser de US$40 milhões ao invés de US$80 milhões, seu beta seria ainda maior. E para pessoas que acreditam que o beta mede risco, o preço menor pareceria mais arriscado. Isto é uma verdadeira Alice no País das Maravilhas. Eu nunca conseguí entender porquê é mais arriscado comprar o valor de $400 milhões em propriedades por $40 milhões do que por US$80 milhões. E, de fato, se você compra um grupo de ações como este e conhece bem a avaliação do negócio, não existiria risco até em comprar os $400 milhões por US$80 milhões, Principalmente se você estiver comprando em 10 lotes de US$8 milhões cada um.
Como os US$400 milhões não estarão em suas mão, você vai querer ter certeza que estará lidando com gente honesta e competente para administrar o seu negócio, mas isto não é um trabalho tão difícil assim.

Você também terá que ter o conhecimento necessário para fazer uma estimativa superficial sobre o valor do negócio. Mas não empregue números muito apertados. É isto que Benjamin Grahan quis dizer quando disse que deveria existir uma margem de segurança. Você não deve querer comprar um negócio que vale US$83 milhões por US$80 milhões. Você deve proteger-se com uma enorme margem. Quando se constrói uma ponte, você insiste que ela deva suportar 15 toneladas, mas você só trafegará nela com caminhões de até 5 toneladas. Este princípio funciona da mesma maneira em investimentos.

Por fim, alguns de vocês, com uma mentalidade mais comercial, devem estar se questionando o motivo pelo qual eu escrevi este artigo. Isto só serviria para aumentar os adeptos da abordagem em valor e diminuir a diferença entre o preço e o valor dos papéis disponíveis no Mercado. Sobre isto eu só posso dizer que o segredo esteve disponível durante 50 anos, por aí, para quem interessasse, desde que Ben Graham e Dave Dodd escreveram Security Analysis. Até agora, em todos os 35 anos que venho praticando o investimento em valor, não ví nenhuma corrida em direção a ele. Parece que alguma característica nociva da humanidade faz com que as coisas simples se pareçam difíceis. O mundo acadêmico, principalmente, nos últimos 30 anos, tem se distanciado cada vez mais dos ensinamentos do investimento em valor. E isto tende a continuar da mesma forma. Os navios continuarão a navegar pelo mundo mas as sociedades da terra quadrada sempre irão existir. Grandes discrepâncias entre preço e valor sempre existirão no mercado, e aqueles que entenderam o que Graham & Dodd tinham a dizer continuarão a prosperar.